terça-feira, agosto 15, 2006

CPLP e CEDEAO promovem grupo de contacto internacional para a Guiné-Bissau

A oragnização lusófona e a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) decidiram organizar nos próximos meses, provavelmente em Setembro, na capital guineense, a primeira reunião do Grupo de Contacto Internacional para a Guiné-Bissau.
Os GCI já existem na Libéria, Serra-Leoa e Costa do Marfim, todos países oeste-africanos emergentes de conflitos, e beneficiam do patrocínio das Nações Unidas e dos das principais potências ocidentais.
O secretário executivo da CPLP, o diplomata cabo-verdiano Luís Fonseca, confirmou a existência desta iniciativa, que considera uma «grande possibilidade de ajudar a Guiné-Bissau a garantir apoio internacional e a criar um ambiente de concórdia nacional».
A ideia de constituição do grupo tinha sido discutida em finais de Abril em Lisboa, durante a visita do secretário executivo da CEDEAO, o ganês Mohamed Ibn Chambas, que a submeteu ao Governo português e à CPLP. O representante do secretário-geral da ONU em Bissau, o moçambicano Bernardo Honwana, também acompanhou a missão.
A CEDEAO, que já preparou uma proposta de termo de referência do GCI, queria que a sua reunião inaugural decorresse em Julho, em Bissau, à margem da VI Cimeira. O embaixador Luís Fonseca informou que «razões de ordem logística e o calendário apertado» impediram o encontro, que seria a nível de ministros dos Negócios Estrangeiros.
O representante da CEDEAO em Bissau, o maliano Ahmet Sidibe, que acompanhou a missão a Lisboa, indicou que o grupo é formado por nove países, entre os quais Portugal e Angola, bem como a Guiné-Conacri, o Senegal e a Gambia, Estados vizinhos da Guiné-Bissau. Os restantes são a França, a Nigéria, o Gana e o Níger.
Sete organizações internacionais, nomeadamente a ONU e a União Europeia, integram o GCI para a Guiné-Bissau, chamada a apoiar as autoridades guineenses no reforço das suas instituições em todas as esferas de actividade, e na mobilização de fundos externos.
O acordo formal de criação do GCI para a Guiné-Bissau foi alcançado em Maio último, em Monróvia, na Libéria, num encontro em que, paradoxalmente, a parte interessada, esteve ausente. A CPLP e a CEDEAO estão ligadas desde Junho por um acordo de colaboração, justificado pelas sucessivas crises que abalaram a Guiné de meados de 1998 até hoje.
As duas organizações decidiram concertar acções e trocar informações, tendo em vista a estabilização e o desenvolvimento da Guiné-Bissau.
A CEDEAO quer atribuir a Portugal o papel de liderança nesta estrutura, fundamentando a proposta no facto de Lisboa ter sido a potência colonizadora.
De acordo com o representante da CEDEAO na capital guineense, «para garantir a estabilidade na África Ocidental, há esforços financeiros a fazer, por isso, seria bem vista a implicação de Portugal neste processo. Os Estados Unidos assim fizeram na Libéria, a Grã-Bretanha na Serra-Leoa e a França na Costa do Marfim».
Ahmet Sidibe, um coronel na reserva, precisou que quando o assunto foi abordado em Lisboa, com o secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação, João Gomes Cravinho, ficou com a impressão de que a reacção do Governo português «foi positiva».
Confrontado com esta questão, na segunda-feira, no final da cimeira da CPLP, Luís Fonseca declarou que a organização lusófona ainda não tinha tomado uma posição a este respeito.
A Guiné-Bissau e Cabo Verde são dois dos 15 Estados da CEDEAO, fundada há mais de 30 anos, com sede em Abuja, na Nigéria, e que tem por finalidade a integração dos seus membros.

1 comentário:

Anónimo disse...
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